A pá de cal em Jatene. Parte II

Por diversas vezes nas últimas semanas, o Blog do Branco tratou da disputa pelo Governo do Pará, em 2022. Entre o primeiro artigo escrito em 10 de junho (Leia Aqui) e este, diversos fatos ocorreram, e que, de fato, enfraqueceram a oposição ao atual governador Helder Barbalho (MDB).

O primeiro vem ocorrendo desde o fim do último pleito, em 2018. Ao assumir o governo do Estado, Helder colocou em prática o seu maior plano: esfacelar o seu maior adversário: PSDB. O objetivo era cooptar os principais operadores do ninho tucano. Começou pela bancada do partido na Assembleia Legislativa (Alepa), composta quatro deputados (Victor Dias, Luth Rebelo, Cilene Couto e Ana Cunha), com adesão quase imediata não oficialmente ao governo dos três últimos. Couto, por exemplo, viria a se tornar mais à frente a líder do governo na Casa (Leia Aqui).

Depois do controle sobre a bancada tucana no parlamento estadual, o plano seguinte era se aproximar dos deputados federais do partido: Nilson Pinto e Celso Sabino, o que aconteceu gradativamente. Pinto tornou-se aliado com objetivo de eleger a esposa para ocupar a sua vaga (considero um dos mais empenhados do partido fechar apoio a Helder); Sabino sempre teve uma postura neutra, nunca se propôs a bater de frente com o governador.

O cenário de cooptação descrito até aqui por si só já colocava o ex-governador Simão Jatene em situação política-eleitoral muito difícil. Somando-se a isso teve a reprovação de suas contas de 2018 na Alepa, com apoio de seus correligionários da Casa. Então, a situação do ex-mandatário da política paraense depende da Justiça.

Na sequência, a adesão do DEM ao governo do Estado, tirou de Jatene – caso venha a concorrer – um aliado histórico, que sempre esteve do lado do ninho tucano. Mesmo assim, Simão articulava nos bastidores, restando como apoio o nicho bolsonarista no Pará, liderado pelo deputado federal Éder Mauro (PSD), e tendo como opção de candidatura ao governo, o delegado federal Everaldo Eguchi (Patriota), que poderia, fazer uma dobradinha com Jatene.

Porém, no último dia 15, a Operação “Mapinguari”, deflagrada pela Polícia Federal com objetivo aprofundar a investigação sobre o vazamento de informações de uma operação da própria instituição, pode ter eliminado as pretensões do ex-candidato a Prefeitura de Belém e, de quebra, do próprio Jatene que, mesmo sem poder concorrer (por impedimento da Justiça e do próprio partido) articulava um nome para concorrer contra Helder Barbalho.

A, talvez, última pá de cal sobre as pretensões políticas de Jatene, ocorreu no último dia 20, ocasião que oficializou o apoio inédito do PSDB ao governo Helder Barbalho. Segundo apuração do Diário do Pará, o processo iniciou com a consulta aos membros da Comissão Executiva Estadual do partido, que através de seu o presidente estadual, deputado federal Nilson Pinto informou que “dez prefeitos e quatro deputados estaduais do PSDB encaminharam documento à comissão executiva estadual do Partido solicitando autorização para que a bancada do partido na Assembleia Legislativa passe a integrar a base de apoio ao governo do Estado”. Apenas três tucanos foram contra a proposta.

O fato curioso é que o documento torna oficial – no caso da Alepa – o apoio da bancada tucana ao governo estadual, fato que sempre ocorreu. Jatene esperava uma intervenção da Executiva Nacional do partido, evitando o apoio a um aliado histórico, o que não aconteceu. A fragilidade política em nível nacional, corroborou para essa decisão da cúpula tucana em Brasília.

Como dito em outro artigo, caso não haja um fato que mude o curso natural do processo político-eleitoral, Helder Barbalho deverá se reeleger em susto, seguindo com o seu projeto político – como já dito em outro artigo – para além do Palácio que ocupa atualmente. A ver.

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