Hora do remédio amargo

Ontem, 25, o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL) deu um duro recado ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido), deixando claro ao chefe do Poder Executivo que, se nada mudar, se os rumos do governo em relação à pandemia não forem alterados, poderá ser necessário a aplicação de remédio amargo que pode ser fatal.

A narrativa de Lira foi feita com ele sentado na cadeira da Presidência da Câmara, ou seja, nada poderia ter sido mais simbólico do que isso. A manifestação do citado parlamentar, foi recebida com receio pelo Palácio do Planalto, que ainda avalia o seu impacto.

Vamos aos fatos… Arthur Lira foi eleito presidente da Câmara de Deputados com o apoio declarado do governo. Diversas manifestações públicas de apoio foram feitas pelo presidente Jair Bolsonaro, o chamando, inclusive, de “meu candidato”. A chegada de Lira à Presidência do parlamento federal era uma prioridade do Executivo, haja vista, que se evitaria, por exemplo, o avanço da pressão pela aceitação de um das mais de seis dezenas de pedidos de impeachment.

Todavia, a situação da pandemia no Brasil tornou-se insustentável. Já ultrapassamos 300 mil mortes, com colapso em praticamente toda a rede pública de saúde de estados e municípios, atraso na aquisição de vacinas e a percepção clara de boicote do governo no combate ao coronavírus. Demorou, mas todo esse caos está sendo atribuído pela grande maioria dos brasileiros ao presidente, que acompanha o próprio desgaste de sua imagem, cristalizada em sucessivas quedas em seu nível de popularidade.

Por isso, Lira e Rodrigo Pacheco (DEM-MG) resolveram se mexer, chamar para o Congresso Nacional a responsabilidade na condução da crise sanitária, juntamente com governadores e prefeitos, propondo, portando, um amplo pacto nacional. Nem a demissão de Eduardo Pazuello e a chegada de Marcelo Queiroga foi suficiente para a garantia de mudanças de rumos na política do governo federal na condução da crise.

Ficou claro, ainda mais ontem, 25, quando Bolsonaro reuniu os presidentes do Senado e da Câmara, do Supremo Tribunal Federal (STF) e alguns governadores que o apoiam, que a sua postura não mudará. Em sua fala voltou a defender o tratamento precoce contra a Covid-19, mesmo sem a comprovação científica de sua eficácia.

Tal narrativa – dizem os assessores da Presidência da Câmara ouvidos pelos grandes veículos de comunicação – provocou horas depois o pronunciamento de Lira. Tal ameaça de impeachment seria, de fato, uma realidade? Ou mais uma ação orquestrada pelo chamado Centrão? Lira está se distanciando do Palácio do Planalto ou a sua atitude é apenas protocolar, calculada, buscando dividendos políticos?

O tal remédio amargo será dado? Diferente de antes, parece que agora as condições políticas (votos) em caso de impeachment estão mais favoráveis. O país não aguenta mais.

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