Rebaixamento da Presidência da República

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Antes de qualquer aprofundamento analítico, se faz necessário apresentar (com intuito de melhorar o entendimento) a questão da diferença entre presidente e a Presidência da República. Jair Bolsonaro tornou-se o chefe do poder Executivo porque, obviamente, venceu de forma democrática a eleição presidencial. Já a Presidência da República é algo maior, configura-se como uma instituição dentro do governo. Uma mega estrutura a atende, que soma entre conselhos, jurídico e ministérios, 15 órgãos ligados diretamente à Presidência.

Não, por acaso, que a citada instituição é blindada por um conjunto de normas e regulamentações, que inclui o chamado decoro, ou seja, a postura que o ocupante desta instituição deve seguir obrigatoriamente para que não seja sacado dela ou não responda por crimes de responsabilidade. Os limites do cercante do cargo é justamente para proteger a instituição em questão, para que, quem a ocupe, possa manter-se cumpridor de regras. 

Não é novidade que Jair Bolsonaro descumpre todos os ritos que o cargo impõe. E ele deixa claro que não se importa em descumpri-las. Desde quando assumiu, acumula uma dezena de ações que vão de encontro ao cargo. Crimes de responsabilidade se somam mês a mês. Quem o apoia e não o critica por manter tais posturas, desmerece e rebaixa a instituição Presidência da República, que nunca foi tão mal representada em sua essência. E não se trata da crítica, por exemplo, a indumentária usada pelo presidente (mais um caso que ele não se importa com o decoro, pois em diversas reuniões, dispensou o uso de vestimenta adequada), que é entre outros erros, o menos grave, mas sim narrativas e decisões que não estão à altura do exercício presidencial.

Entre os inúmeros “deslizes”, o de anteontem, 04, talvez tenha sido – até o momento – o pior, o mais vexatório. O presidente Jair Bolsonaro ao sair do Palácio do Alvorada em direção ao Planalto, costuma (como já dito aqui em outro artigo) cumprimentar apoiadores e falar com a imprensa. Ontem, ele apareceu ao lado de um humorista que estava caracterizado como o seu sócia, distribuindo bananas aos repórteres. Na mesma data, divulgava-se que o Produto Interno Bruto (PIB) do ano passado, fechou em 1,1%. Índice abaixo do que a equipe econômica chefiada pelo ministro Paulo Guedes havia prometido para o primeiro ano de governo. O resultado conseguiu ser pior do que o de 2018, quando fechou em 1,3%. E, coincidentemente ao fato econômico de grande impacto negativo, a “brincadeira” fez com que Jair Bolsonaro se sentisse desobrigado a tocar no assunto. O sócia – acreditem – assumiu a responsabilidade em tratar do caso.

O “circo” de anteontem, 04, foi alvo de crítica até de quem apoia o presidente. Uma exposição desnecessária e que levanta novamente a questão do respeito a instituição Presidência. Qual o limite? O que ainda está por vir? O decoro definitivamente se perdeu? Após a passagem de Jair Bolsonaro pelo cargo, o que restará a citada instituição? Quais as consequências para a Presidência o processo de rebaixamento que lhe foi imposta?  

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