Sem articulação

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Com pouco mais de 100 dias de gestão, o governo Lula tem uma marca: desarticulação política. Os responsáveis por fazer a articulação do governo no Congresso Nacional, em especial, Alexandre Padilha, ministro das Relações Institucionais, vem até aqui produzindo resultados pífios. Isso se comprova com as sucessivas derrotas do governo nas votações no parlamento. Padilha, inclusive, foi cobrado publicamente por Lula.

O próprio ministro reconheceu que o Congresso Nacional, em especial, os deputados estão mandando recados ao governo. O estopim foi alterações feitas texto que trata do Marco Legal do Saneamento, em pontos em que o governo não concorda. Padilha afirmou que ocorreram durante a semana passada vitórias, como a equiparação salarial entre homens e mulheres. Vamos e convenhamos, citar isso como uma “grande vitória”, chega a ser algo constrangedor, o que só coloca em xeque o trabalho dos que articulam em nome do governo no parlamento.

O que se fala é que falta maior presença de Lula em Brasília. O presidente anda viajando muito e deixando o governo, digamos, sem comando. Todos sabem do poder de Lula em persuadir, em conquistar na palavra, pelo diálogo. Parece que o próprio mandatário reconheceu a deficiência política de sua gestão e agora começará a reunir com parlamentares nos próximos dias.

Outro erro – esse reconhecido pelo governo – foi não ter apoiado a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) desde o início, o que fez prosperar teorias conspiratórias de que o próprio governo promoveu os atos terroristas do dia 08 de janeiro contra os Três Poderes.

Na prática, o governo ainda (que entrou em seu quinto mês) não sabe o quantitativo de sua base no Congresso Nacional. Na Câmara, sob total comando de Arthur Lira (PP), que teve o seu comando recentemente abalado pelo surgimento de um super bloco parlamentar, liderado pelo MDB, retomou total controle político.

A questão da falta de apoio ronda – segundo diversos parlamentares – o não declarado contingenciamento do repasse de emendas para deputados e senadores. Depois de muita pressão, no início do mês passado, o governo liberou R$ 3 bilhões em emendas, o que foi visto por muito como insuficiente, apenas colocou em dia o que estava atrasado.

De todo modo, o governo Lula 3, segue o mesmo perfil de falta de articulações dos dois outros mandatos anteriores. O presidente precisa “olhar mais para dentro” e conter a intensa agenda externa, por mais que ela esteja trazendo grandes investimentos ao país, a relação política desarticulada com o Congresso poderá custar muito caro.

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