#TBT do Blog – Ponte do rio Moju, um ano depois: o retrato do governo Jatene

Há exato um ano (23/03/2014), a ponte sob o rio Moju, que margeia o município de mesmo nome, teve parte de sua estrutura derrubada após a colisão com uma balsa. Um vão se abriu e duas partes da estrutura de concreto e ferro ficaram suspensas e os blocos de concreto dos pilares afundaram.

Após a notícia do fato e as providências que foram tomadas para identificar os responsáveis, vieram os laudos técnicos que indicavam os caminhos a serem feitos e decisões tomadas por parte dos técnicos do governo do Estado e de outras instituições. Havia a possibilidade de implodir toda a estrutura ou recuperar o setor afetado. O governador Simão Jatene, do PSDB, orientado optou pela segunda opção, sem dúvida, muito mais barata.

Esperava-se que, ao terminar os laudos técnicos, fossem tomadas as providências da reconstrução, em etapas, até a conclusão, meses depois. A questão é que nada foi feito. A providencia efetiva por parte do governo estadual foi reconstituir o fluxo de veículos, reativando portos antigos que ficavam ao lado da ponte e o aluguel de balsas para fazerem a travessia. Medida emergencial que tinha caráter temporário, passou a ser operação cotidiana, enquanto ao lado, a ponte estava parada, sem nenhum tipo de intervenção.

Meses se passaram e nada mudou. O ano de 2014 se encerrou e a ponte continuava interditada, sem obras visíveis ou projetos aprovados em fase de implantação. “Comemoramos” hoje (23) um ano do acidente e os fatos relatados aqui continuam a ser a realidade de milhares de pessoas que precisam cruzar o rio Moju em direção ao sul e sudeste paraense, rota de grande importância para o escoamento de mercadorias e abastecimento de cidades.

Tive pessoalmente a oportunidade presencial de verificar “in locu” o caos que é atravessar o referido curso d’água depois de esperar por mais de uma hora no local sem condições de acomodação. Não houve (ou não quiseram tornar público) estudos de impacto econômico para o PIB paraense, particularmente na região afetada pelo acidente. O que se sabe, calculando a grosso modo, levando em consideração ao volume trafegado na área e suas respectivas produções econômicas, que houve seguramente prejuízo de milhões de reais, especialmente a cidade de Moju, importante ponto de ligação econômica entre a capital e as regiões Sul e Sudeste paraense.

A morosidade do governo chega a incomodar. Um ano depois, agora que o Palácio dos Despachos anuncia ações efetivas para reconstrução do colosso de concreto sob as águas do rio Moju. A Secretaria de Comunicação (Secom) informou que o prazo de liberação e entrega da ponte será de 10 meses. A pergunta que fica é: por que só agora? Um ano depois? O que ocasionou tamanha demora?

O próprio governador em sua página oficial em uma rede social, justificou a demora pela “complexidade” do projeto e reclamou dos que fazem uso político do acidente. Relatou na mensagem que ele mesmo sente-se incomodado com a demora e que não esperava que, após um ano, a situação estivesse como está. Uma grande manifestação está programada para hoje no local do sinistro.

Manifestante prometeram bloquear os acessos as balsas, impedindo que seja feito o embarque. Penso que poderíamos até ser benevolente com o governo estadual, dá crédito ao Palácio dos Despachos pela tal justificativa da complexidade operacional do caso, mas ampliando a ótica analítica, podemos perceber facilmente que a morosidade palaciana não se resume apenas a ponte sob o rio Moju, mas ao governo como um todo.

De fato, essa demora e inércia palaciana sobre o caso é o mais puro reflexo a própria gestão estadual e suas engrenagens enferrujadas. Torna a questão emblemática, um retrato fiel da realidade dominada pela morosidade burocrata e incompetência gerencial. E ainda teremos mais três anos e meio da dinastia tucana no Pará, que em 2018; completarão 20 anos, 16 deles de forma ininterrupta.

Imagem: reprodução de Internet. 

Henrique Branco

Formado em Geografia, professor das redes de ensino particular e pública de Parauapebas, pós-graduado em Geografia da Amazônia e Assessoria de Comunicação. Autor de artigos e colunas em diversos jornais e sites.

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