O dono do tabuleiro político

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O ex-prefeito e ex-ministro de Estado, Gilberto Kassab, fundou, em 2011, o Partido Social Democrático (PSD), com intuito de ter sob seu controle uma legenda de Centro; mais um grupo político com objetivo de barganhar cargos e espaços políticos, independente do presidente da República da vez. Foi base dos governos Dilma Rousseff (PT); Michel Temer (MDB) e atualmente compõe a base do governo do presidente Jair Bolsonaro (PL).

Kassab é um agente político que gosta dos bastidores. Sabe chamar para si os holofotes na hora certa, o resto do tempo opera pelos corredores da política. É respeitado no meio. O seu partido detém a segunda maior bancada no Senado Federal e a quinta maior na Câmara dos Deputados. Até o momento, o partido não se assanha como diversos outros em relação ao processo de federalização de legendas. Emite sinais que não se utilizará desta manobra político-eleitoral, ou seja, deixa claro que se “garante” na disputa.

Sua atuação neste período pré-eleição foi capa da revista Veja da semana passada, em que foi colocado como o operador do tabuleiro político. Não é exagero do periódico semanal. Além de controlar uma máquina partidária poderosa, Kassab sabe jogar o jogo. Entende, por exemplo, a atual conjuntura nacional. A disputa está polarizada entre o ex-presidente Lula (PT) e o atual mandatário nacional, Jair Bolsonaro (PL), mas o ex-ministro sabe que há espaços. Percebe que fora dos dois campos citados, há um conglomerado de candidaturas que estacionaram no que se chama de terceira via. É ali a priori que quer atuar.

A opção do PSD, até o momento, é Rodrigo Pacheco, atual presidente do Senado Federal, que não consegue sair da margem de dois a três pontos em alguns levantamentos; em outros, o parlamentar mineiro chega a zerar, ou seja, sem registro de intenção de voto. Dentro do partido ninguém leva a sério a sua candidatura ao Palácio do Planalto, muito menos Kassab.

Fazendo jus à referência de ser dono do tabuleiro, o ex-prefeito de São Paulo resolveu “flertar” com o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, derrotado pelo governador paulista João Dória nas prévias do PSDB, que teve como objetivo escolher o nome para representar o partido na disputa presidencial. Sem cerimônia, Kassab assedia o político gaúcho, oferecendo o PSD para que ele possa concorrer à Presidência da República.

Essa manobra faz parte da estratégia de manter uma candidatura do PSD no primeiro turno, para que, no segundo, se possa negociar apoio. Não há – por ordem de Kassab – nenhum direcionamento do partido a nenhuma pré-candidatura, nem mesmo a de Lula, o favorito.

A estratégia de convidar Leite para o partido, embaralha ainda mais o jogo e enfraquece outras candidaturas do Centro, mas é esse justamente o objetivo do ex-ministro. Embaralhar, enfraquecer para se fortalecer. Goste ou não, que está no comando do controle das mexidas das peças do tabuleiro político é ele, Gilberto Kassab.

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